Satisfação e torcida pela desgraça alheia

Esse mundo é duro, doentio, sujo, cruel e muitas vezes injusto. Ele vai bater em você sem dó nem piedade até você cair, e quando você tentar se levantar, ele vai chutar você no chão mais forte ainda, só para lhe testar, ou você se levanta e luta, ou fica ali no chão sangrando até morrer. A decisão é sua, lutar ou sangrar até a morte.

Através da política podemos notar o pior do ser humano. Pelo poder e pelo dinheiro o homem corrompe, trai e até mesmo mata seus adversários. O poder e o dinheiro são os maiores desafiadores do caráter humano, diante deles, o lado mais sombrio do ser um aflora. Mas, não é somente o poder e o dinheiro que pode corromper, trair ou matar. O sentimento de inveja pode ser até pior.

Sobre a inveja, o escritor e filosofo Olavo de Carvalho disse o seguinte em seu fabuloso livro “O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota”: “A inveja é o mais dissimulado dos sentimentos humanos, não só por ser o mais desprezível, mas porque se compõe, em essência, de um conflito insolúvel entre a aversão a si mesmo e o anseio de autovalorização, de tal modo que a alma, dividida, fala para fora com a voz do orgulho e para dentro com a do desprezo, não logrando jamais aquela unidade de intenção e de tom que evidencia a sinceridade”. Noutra parte ele complementa dizendo: “A gente confessa ódio, humilhação, medo, ciúme, tristeza, cobiça. Inveja, nunca. A inveja admitida se anularia no ato, transmutando-se em competição franca ou em desistência resignada. A inveja é o único sentimento que se alimenta de sua própria ocultação”. E, continua dizendo: “O homem torna-se invejoso quando desiste intimamente dos bens que cobiçava, por acreditar, em segredo, que não os merece. O que lhe dói não é a falta dos bens, mas do mérito. Daí sua compulsão de depreciar esses bens, de destruí-los ou de substituí-los por simulacros miseráveis, fingindo julgá-los mais valiosos que os originais. É precisamente nas dissimulações que a inveja se revela da maneira mais clara”.

Diferentemente da política, no Kung Fu, é a inveja que revela seu pior lado. Os mestres, que deveriam ser exemplos de virtude, fazem uso dos piores artifícios para destruir seus concorrentes, principalmente, falando mal um dos outros, dizendo que outro é charlatão, ruim de técnica, ou que não sabem nada. Isso, quando por incompetência, por não conseguirem ser bem-sucedidos, tentam fechar a escola do próximo, principalmente daqueles que conseguiram o sucesso que eles nunca conquistaram. Isso aconteceu comigo muitas vezes, pelo menos cinco vezes fui denunciado por falta de licença de funcionamento, porem, nunca conseguiram fechar nossas escolas, pois sempre conseguimos nossas licenças.

Em 2011, quando minha escola estava no auge, com mais de dois mil alunos, tentaram nos destruir de todas as formas. Nessa época havíamos organizado muitos campeonatos. Nosso primeiro campeonato já começou sendo o maior da América Latina. Fomos pioneiros no sentido que nosso evento foi o primeiro a ser totalmente informatizado, rapidamente nossos eventos se tornaram sinônimo de organização. Lembro-me que em 2011 nosso campeonato contou com 1.200 atletas com mais de 2.500 inscrições e, todo o evento foi realizado num único dia. Por causa disso, um grande mestre, um dos mais conhecidos e querido por todos, inclusive por mim, buscou uma brecha na lei que pudesse de alguma forma me impedir de organizar outros eventos, já que eu não era uma federação. Porém fracassou miseravelmente. Assim agem os invejosos.

Noutra situação, professores desse mesmo mestre, comentavam com todo mundo que eu não conhecia o Kung Fu estilo louva-a-deus e que meus alunos eram ruins. Um desses professores, certa vez, foi competir em Baltimore nos Estados Unidos, onde todos os anos levo meus alunos para competir. A competição da categoria Louva-a-Deus foi realizada em cima do lei tai, onde todos podiam ver. Meus alunos estavam competindo nessa categoria e esse professor também. O que ocorreu foi o seguinte, um de meus alunos, o melhor tecnicamente falando, foi quem subiu primeiro no ringue para competir. Enquanto meu aluno praticamente voava em cima do ringue, o tal professor observava. Acho que isso o desconsertou, acho que naquele momento ele descobriu quem era que não conhecia Louva-a-Deus. O que ocorreu em seguida foi digno de pena, o tal professor subiu no ringue após meu aluno, executou meia dúzia de movimentos, esqueceu a forma toda e desistiu. Imagine o conflito que se passava em sua mente, por ter dito que meus alunos eram ruins e que não conhecíamos o estilo louva-a-deus. Isso é o que ocorre quando alguém diz que o outro é ruim, um poderá ter que provar.

Recentemente tivemos problemas com alguns de nossos alunos, alunos esses que por não conseguirem acender em nossa organização, tramaram para nos destruir. Vi um vídeo onde um deles dizia “acho que agora conseguiremos fechar mais uma escola dele, o império está desmoronando”. Mal sabem eles que sei de toda trama. Outro escreveu no Facebook “A maior, melhor e mais bem-sucedida academia de todos os tempos kkkkk”, isso porque usamos essa frase como motivação para alcançarmos nossos objetivos. Bem, depois, talvez ele tenha voltado para tocar para outro punhado de bêbados. Assim é a inveja, corrói o ser humano de dentro para fora, fazendo com que a pessoa perca seu tempo e, ao invés de lutar para construir sua própria vida, usa seu esforço para destruir a do próximo.

Grão-Mestre Gabriel Amorim.

Mestre Gabriel
Mestre Gabriel

Praticante de Kung Fu desde 1980, fundou a TSKF Academia de Kung Fu em 1996, graduado Mestre pela Confederação Mundial de Kuoshu. É escritor, palestrante, ocultista e estudioso da entidade humana.

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